A brincadeira tem enorme importância para o desenvolvimento infantil. E, em alguns momentos nos deparamos com pais que não entendem o valor do brincar com os filhos. Embora o processo de aprendizagem formal, como escola, a segunda língua, natação ou judô seja importante, a interação pais-criança é muito relevante quando tratamos de desenvolvimento infantil.
Existem diversos tipos de brincadeiras ricas para o desenvolvimento infantil. Desde as de faz-de-conta até as que escondem através da brincadeira a demanda formal escolar. Sendo assim, não existe celular ou tecnologia que substitua a relação da criança com sua família ou com outras crianças. A convivência e a criatividade devem fazer parte da infância.
As brincadeiras que simulam atividades de vida diária resultam em ampliação do vocabulário e familiaridade com alguma situação. Este tipo de brincadeira é importante para o desenvolvimento de repertório, assim a criança consegue aplicar o conhecimento em sua rotina.
Assim, as brincadeiras como cozinhar, ir ao supermercado, preparar um bolo, são ricas em novos vocábulos. O adulto neste momento pode deixar a criança conduzir a brincadeira, e ele criar situações hipotéticas para que a criança resolva. Ou até mesmo promover uma brincadeira de etapas e sequência.
Por exemplo, “vamos fazer um bolo! Mas acabou os ovos! E agora?! Aaah, vamos ao mercado com o carro, mas acabou a gasolina! Como vamos resolver isto?”.
E desta forma, deixar que a criança use a criatividade, e claro, se necessário dar todo o suporte linguístico e de experiência de mundo a fim de enriquecer a brincadeira.
As brincadeiras voltadas para a interação são possivelmente as mais primitivas quando se trata da relação pais e filhos. Por exemplo, esconder o rosto com as mãos quando a criança ainda é bem pequena envolve isto. A interação e sociabilização são importantes quando estamos falando do processo de imitação, desenvolvimento comunicacional e de linguagem. Estas brincadeiras desempenham diversos propósitos, mas o mais notório é a ampliação da comunicação.
A interação aplicada a brincadeira pode acontecer desde o cantar de uma música onde deixamos a criança completar (exemplo: “o sapo não lava o ….. (?)”) até uma ciranda. Outras possibilidades como pega-pega e esconde-esconde envolvem a atenção, coordenação e até mesmo noções matemáticas. E ainda assim, não deixam a desejar quando se trata de intenção comunicativa. As brincadeiras de interação não necessitam de nenhum material ou brinquedo, e são tão importantes (ou mais) como QUALQUER outra.
Vale ressaltar, que o adulto deve agir como interlocutor sem ocupar todo o espaço de fala. Devemos ser coadjuvantes, o papel principal sempre será da criança. O uso de tempo e prosódia são importantes para a criança entender que aquele é o momento de ela falar, interagir ou direcionar a brincadeira. Espere, observe…. E ENTÃO complemente! A criança precisa experimentar as mais diversas situações, e nós devemos estar lá para valorizar esta etapa.
Graduada pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO em Fonoaudiologia.
Mestre em Ciências pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO.
Doutoranda em Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO.
Experiência em alterações de fala infantil, como: apraxia de fala na infância, autismo, comunicação alternativa (PECS), gagueira, atraso na fala e transtorno fonológico. Além disso, atua com orientação parental voltada ao desenvolvimento infantil.
CRFa 2-20413