Quando começamos a planejar uma construção, iniciamos pela base. Assim, nosso objetivo é fornecer estrutura e garantia de que a base seja resistente e segura. Desta maneira, quando arquitetarmos o acabamento, a nossa construção estará preparada para recebe-lo.
O mesmo princípio deve ser mantido quando se trata de desenvolver as primeiras habilidades de linguagem. Ainda assim, as habilidades precursoras devem ser desenvolvidas e estimuladas durante os primeiros anos de vida. A interação durante as atividades diárias faz parte deste caminho. A criança precisa saber como as interações e trocas funcionam. Desta forma, aprenderá a enviar mensagens e manter uma conversa ou troca comunicativa. Sendo assim, o compartilhar atenção, a sustentação do olhar, a intenção comunicativa por meio do apontar, fazem parte deste processo inicial. Uma vez que a criança tenha esse constructo, suas outras habilidades linguísticas podem continuar crescendo sobre essa base sólida.
O ponto inicial é ser um parceiro comunicativo RESPONSIVO e RECEPTIVO. Assim, ser receptivo significa incentivá-lo a realizar trocas comunicativas, reconhecendo o adulto como interlocutor. A criança precisa reconhecer o espaço de fala dela. Logo, o ideal é que o adulto não ocupe todo este espaço. Um outro ponto importante, é a criança perceber o que ela faz e fala, e o adulto chamar a atenção para algo apenas após isto. Dessa forma, a demonstração de interesse sob as ações da criança acaba por incentivar a interação e comunicação com você. Quanto mais oportunidades a criança tiver que represente trocas de turno (vai e vem), mais chances ela terá de compreender a comunicação.
Além disso, ser responsivo faz parte deste processo de maneira incisiva. Um aspecto relevante é estar de frente, na altura dos olhos e da criança durante os momentos de interação (cara a cara). Isto além de demonstrar interesse sobre o conteúdo transmitido pela criança, favorece o direcionamento de atenção dela ao adulto. Desta maneira, a imitação é favorecida.
Vale ressaltar a importância de deixar a criança direcionar a brincadeira, e nós como adultos, segui-la. Isso significa manter o foco nos interesses da criança e responder a ele de forma a manter a interação com trocas. Portanto, é necessário favorecer as questões comunicativas da criança.
Faça um comentário que descreva o que a criança está fazendo ou o que você acha que ele está tentando lhe dizer. Ainda, junte-se a ele e brinque com ela, mantendo o foco no que ele está fazendo e no que lhe interessa
Eventualmente, com base nessa base sólida, seu filho terá a oportunidade de adicionar novas habilidades de comunicação, como gestos, sons ou palavras. É assim que a aprendizagem de linguagem sempre funciona: primeiro aprendendo como interagir com os cuidadores e, depois, tentando atos comunicativos mais objetivos (como palavras).
Por fim, a base da linguagem sólida é a chave para seu sucesso como comunicador!
Graduada pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO em Fonoaudiologia.
Mestre em Ciências pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO.
Doutoranda em Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO.
Experiência em alterações de fala infantil, como: apraxia de fala na infância, autismo, comunicação alternativa (PECS), gagueira, atraso na fala e transtorno fonológico. Além disso, atua com orientação parental voltada ao desenvolvimento infantil.
CRFa 2-20413