A aquisição da fala, seja por falantes monolíngues ou bilíngues, pode ser simplificada em três fases: fase de entrada → armazenamento → saída.
A primeira fase se refere à percepção da fala (entrada), em que a criança ouve um som e reconhece se esse som obtém ou não um significado em seu ambiente. O armazenamento refere-se ao processamento dessa informação. Desta forma, a capacidade de arquivar, manipular e evocar essas informações, seja fonologicamente ou semanticamente. Por fim, produção de fala (saída) é realizada através de um planejamento e execução motora.
Durante a aquisição de linguagem, ou seja, fase em que a criança está vivenciando e experienciando formas verbais e não verbais de comunicação. Destas, duas categorias podem ser estabelecidas em uma vivência bilíngue:
1 Exposição bilíngue desde o nascimento;
2 Exposição durante a alfabetização através de escolas bilíngues;
O progresso no desenvolvimento de fala das línguas em aquisição vai ser influenciado pela idade e o momento em que a criança é exposta a esses idiomas. Além disso, a quantidade de exposição à cada idioma também é um fator relevante.
Vale ressaltar que, o aprendizado de uma segunda língua em uma idade jovem é um fator determinante para o sucesso. Pois, se leva em consideração a neuroplasticidade e a “janela de oportunidades” que as crianças apresentam nesse período. Ainda, estudos relatam que uma exposição de uma criança a duas línguas distintas possibilitará maiores habilidades na competência linguística quanto mais cedo for exposta. Além disso, menores serão suas dificuldades para estabilizar o sistema fonológico dessas línguas.
Capacidade desigual ou habilidades distribuídas entre os domínios linguísticos das diferentes das línguas;
Individualidade no desempenho do idioma mesmo em resposta a circunstâncias relativamente semelhantes.
Quando uma criança apresenta algum déficit durante a aquisição de linguagem, como atrasos ou a presença de transtornos, a aquisição de uma segunda língua pode exacerbar esses desafios, levando em consideração tanto o ambiente em que a criança vive assim como, fatores orgânicos que também podem influenciar esse processo. Nesses casos, o marcador mais importante de um período de intervenção bem sucedido, é a generalização que a criança fará entre os ganhos de linguagem em estímulos e tarefas direcionados para estímulos não treinados e comunicativos, durante as interações sociais. Para melhorar a eficácia do tratamento com crianças bilíngues, é essencial compreender os fatores que promovem ou restringem a generalização dentro e entre as línguas em aquisição. Por isso, cabe ressaltar a importância da avaliação e intervenção especializada e individualizada para estes casos.
Fonoaudióloga graduada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialização em Linguagem e Fala em andamento pela Universidade Federal de São Paulo. Atua principalmente em alterações no desenvolvimento de fala e linguagem, como Atraso na Fala, Transtornos do Desenvolvimento de Fala e Linguagem, Autismo e Intervenção Precoce.
CRFa: 2-21738