DICA 8: Promovendo a interação em crianças com TEA
Os sistemas sensoriais do corpo humano são capazes de detectar o estímulo em quatro aspectos: tipo, localização, intensidade e duração. Assim, o sistema sensorial envia as informações obtidas para o sistema nervoso central para que assim a informação seja analisada. Portanto, estes estímulos podem ser visuais, auditivos, táteis, entre outros. 
As crianças com TEA podem apresentar alterações sensoriais, como a hipersensibilidade e/ou a hipossensibilidade a estímulos específicos. A hipersensibilidade faz com que a criança evite estímulos sensoriais. Desta forma, isto pode incluir comportamentos como: tampar os ouvidos em ambientes muito ruidosos, evitar contato físico, demonstrar sensibilidade a texturas e alimentos específicos e outros. A hiposensibilidade é quando a criança necessita de estímulos mais intensos para satisfazê-la. Como por exemplo, aumentar excessivamente o volume da TV ou movimentar-se com frequência.
Contudo, a criança também pode apresentar hipersensibilidade e hiposensibilidade simultaneamente, até para o mesmo estímulo sensorial. Por exemplo, ela pode ter hipersensibilidade a um som, mas hiposensibilidade a outro.
Deste modo, caso a criança apresente estas dificuldades, precisará do seu apoio para ajudá-la a permanecer engajada em atividades e facilitar seu aprendizado.
Vale ressaltar que tentar impedir estes hábitos repetitivos não é a melhor forma de lidar com estes comportamentos. Isto pode favorecer o surgimento de novos comportamentos para supri-los. A melhor maneira de lidar com estas preferências sensoriais é usá-las brincadeiras interativas e sensitivas, e assim criar oportunidades de comunicação, interação e diversão!
Por que brincadeiras interativas ajudam?
- Motivam seu filho a interagir
- Motivam seu filho a permanecer engajado
- Previsibilidade da brincadeira, importante para crianças com TEA, pois é feita sempre da mesma forma
Quais são as habilidades trabalhadas?
- Observação
- Atenção
- Trocas de turno
- Imitação de gestos, sons e palavras
Assim, após identificar as preferências sensoriais do seu filho, escolha um jogo interativo que incorpore essas preferências. Vamos dar alguns exemplos de brincadeiras:
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Preferência sensorial: Movimento
Brincadeira sugerida: Corrida do farol
Uma pessoa é escolhida como o farol, e fica distante dos outros jogadores e de costas para eles. Os outros jogadores estão em uma linha de partida, de frente para ele. Quando ele falar “farol verde”, os outros jogadores se movem em sua direção até ele girar e dizer “farol vermelho”. Quando ouvirem “farol vermelho”, os outros jogadores devem congelar no local. Qualquer criança vista em movimento deve retornar à linha de partida. As crianças devem permanecer congeladas até que o próximo comando “farol verde” seja dado. O jogo continua dessa maneira até que alguém o alcance. O jogador que o alcançou se torna o novo farol e o jogo recomeça
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Preferência sensorial: Balançar para frente e para trás
Canção sugerida: Rema, rema, rema o barco https://www.youtube.com/watch?v=dZGtsmkZBgI . Cante com o seu filho esta música fazendo o movimento de remar o barco.
Brincadeira: Balanço de cobertor/ lençol
Duas pessoas seguram as pontas de um lençol ou cobertor para que a criança deite no meio, fazendo o movimento de um balanço.
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Preferência sensorial: Rodar
Canção: Ciranda cirandinha
Cante com o seu filho esta música, fazendo a coreografia com ele.
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Preferência sensorial: Pular
Canção: Pula pula pipoquinha
Cante e faça a coreografia junto com seu filho, você pode colocá-lo em cima do sofá e ajuda-lo a pular mais alto!
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Preferência sensorial: Textura específica
Neste use um tecido com esta textura e brinque de “cadê o bebê? Achou!”. Além disso, também pode-se utilizar as cócegas como estratégia também.
Outro ponto importante, é criar um nome para a brincadeira, e repeti-la várias e várias vezes. Portanto, sempre ressalte o início da brincadeira e a finalize da mesma forma. Além disso, preste atenção às tentativas comunicativas da criança. Neste momento, a ajude a se expressar, caso ela não consiga (ex.: caso ela faça um gesto de querer mais, verbalize para ela: “você quer mais? mais?).
Que tal criar uma brincadeira com seu filho que o ajude a dar funcionalidade às suas preferências sensoriais e a criar oportunidades de comunicação?
Referências: The Hanen Centre – The best ways to encourage children with autism to interact
Graduada pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO em Fonoaudiologia.
Especialização em Fonoaudiologia Pediátrica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Experiência em desvios do desenvolvimento infantil, Atraso na Fala, Transtorno no Desenvolvimento de Linguagem, Transtornos de aprendizagem e Estimulação Precoce. Ainda, possui experiência em dificuldades alimentares na infância como Disfagia Infantil, Recusa/seletividade Alimentar e Amamentação.
Crfa 2-21242